sábado, 19 de maio de 2012

MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO BRASILEIRO


Porque ir às ruas investigar ? a PF não precisa imitar o FBI, a SCOTLAND YARD e outras polícias, afinal de contas alguém deve achar que já somos A MELHOR POLÍCIA DO MUNDO e por isso, com nossa bola de cristal, não precisamos descolar-nos da escrivaninha para colher elemento algum na persecução penal.
Costumo dizer que o método de investigação levado a efeito pelo Inquérito Policial no Brasil é o MÉTODO DO CAGAÇO. Que significa isso ? o modelo espera que o indivíduo ao comparecer perante o "Doutor delegado", a dita autoridade policial no âmbito da Polícia, se desmanche de MEDO e quiçá, no seu ABALADO ESTADO EMOCIONAL por estar na presença de tão sublime figura, expila alguma declaração que possa vir a elucidar determinada situação. Bem nos moldes dos tempos do Coronelismo ditatorial!
Alguém aí acredita que existam tantos bocós assim, medrosos, se desmanchando em M na presença de um policial ? E no caso da Polícia Federal, cuja área de atuação ainda faz com que alcancemos elementos de maior nível de escolaridade e intelectualidade ? Quanto aos poucos pés-rapados que já prendemos, quantos "entregaram" alguma coisa simplesmente no interrogatório, "na boa" ?
Por vezes chego a pensar que sou muito ácido na minha analise mas, creio que não. Assim como muitos delegados que sonharam ingressar na PF para ser verdadeiramente peça fundamental em investigações, eu também tive a ilusão de um dia atuar colaborando decisivamente para a elucidação de crimes e dar agilidade à justiça. Hoje sabemos que o INQUÉRITO POLICIAL nos propicia bem menos que nossos sonhos de criança e muito menos da eficiência esperada pelo povo brasileiro. 
A diferença reside no fato de que estou aqui a fazer uma crítica e outros não têm a necessária coragem pra isso. Ingressam nesta casa e aqui ficam na esperança de "migrarem" para uma carreira jurídica ou serem aprovados num concurso para tal fim. Não vejo amor ao serviço público e sim apego ao status. Fico imaginando a projeção deste orgulho patriótico estampado na satisfação proporcionada aos pais e manifestada entusiasticamente: "...Ah!!! meu filho é Delegado da Polícia Federal!!!". E o Brasil, coitadinho, segue em frente na Vanguarda do Atraso quando se trata da prestação de  serviço público na esfera policial.

Esclareço que sou AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL e porque não dizer, com muito orgulho! No início os sonhos são os mesmo. A coisa muda de figura com o doutrinamento da Academia Nacional de Polícia. Não sou bobo. Acompanhamos a vibração e o entusiasmo de jovens concurseiros a debater a realidade da PF antes de nela ingressar. Muda tudo. Como diria o poeta Cazuza "...pois aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo de cima do muro..." Desafio qualquer um a me contradizer. Daí chegar à conclusão que muitos deltas levam isso aqui como um emprego. Produtividade ? se traduz nas estatísticas, no número de IPL relatados. Quem se importa com isso ? tem os agentes pra fazerem as diligências e os escribas pra fazerem toda a parte cartorária. Basta por uma assinatura e pronto!  

Um comentário:

Unknown disse...

O problema da investigação criminal feita pelas policias civil e federal, é como ela foi estruturada. Nossa estrutura é a mesma de um Juizado de Instrusão. Na época do império nossos investigadores eram os juizes de paz. Por influência de nossos colonizadores o Brasil adotou um sistema de investigação onde um bacharel em direito coordenava as mais deversas investigações da mesma forma que os delegados de policia fazem hoje, sentados atrás de uma cadeira esperando que o sujeito confesse tudo. De 1824 pra cá a única coisa que mudou foi que trocaram o Juiz pelo delegado. De uma certa maneira o Estado trata investigação criminal como se fosse uma atividade juridica. Contrata bacharel em direito para investigar de crime cibernético a fraude em plano de manejo. Temos que parar de falar mau de delegado e criticamos o modelo. Questionarmos o congresso, governo e impressa: Você acha que investigação criminal é uma atividade jurídica? A coleta de provas tem que ser "comandada" por um bacharel em direito? Assista programas de investigação criminal na TV acabo e procure a figura do delegado. Isso só existe aqui.