sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Pode um cego ser guia de um são? É possível uma Academia de Polícia ser coordenada por um Não Policial?
Sérgio Pinheiro.
Este ano aconteceram muitas coisas boas na minha vida, as quais, eu tenho mais é que agradecer sempre ao Grande Arquiteto do Universo que é Deus!
Agora, um fato ocorreu que me deixou muito FELIZ e MOTIVADO e que chamo de LEVANTE DOS *EPA’s, ou seja, a nossa PRIMAVERA!
Quem entrou no Departamento de Polícia Federal em plena DITADURA MILITAR como eu, sabe e sente na pele o quão é ATRASADO o nosso SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA centralizada totalmente na figura esdrúxula do DELEGADO DE POLÍCIA.
Ao longo das décadas os DELEGADOS tendo por base o INQUÉRITO POLICIAL tornaram sistematicamente a SEGURANÇA DA POPULAÇÃO em algo DEGRADANTE. HOJE é mais do que fato comprovado que o SISTEMA perdeu completamente o CONTROLE da situação.
Não é preciso ser um exímio policial para se descobrir um CRIME. O crime bate na gente diuturnamente basta-se colocar o pé de casa para a rua. Isso quando em muitos casos nossas casas não são invadidas por covardes delinquentes.
HOJE se MATA mais. O TRÁFICO DE DROGAS é intenso, como igualmente se intensificaram a LAVAGEM DE DINHEIRO, o CONTRABANDO, a CORRUPÇÃO, a SONEGAÇÃO DE TRIBUTOS, a ENTRADA e REMESSA ILEGAL DE DINHEIRO do país; o TRÁFICO DE PESSOAS. O CRIME ORGANIZADO se moderniza a cada dia. Em suma, o Brasil, desgraçadamente, tornou-se um PARAÍSO para os CRIMINOSOS de todos os GÊNEROS. Se a situação não é mais caótica, devemos levar em conta, a participação como que um sacerdócio, dos POLICIAIS FEDERAIS, CIVIS E MILITARES que diariamente expõem suas vidas e centenas as sacrificam todos os anos em nome de um mínimo de SEGURANÇA para todos.
Quando içamos a bandeira do SOS POLÍCIA FEDERAL, daquele momento em diante a nossa LUTA não é apenas pela REESTRUTURAÇÃO da nossa CARREIRA, com ênfase ao RESPEITO LEGAL às nossas ATRIBUIÇÕES DE NÍVEL SUPERIOR.
Assumimos a partir do LEVANTE DOS EPA’s, a RESPONSABILIDADE de AJUDAR a TRANSFORMAR O SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA VIGENTE! A SOCIEDADE não aguenta mais esse SISTEMA PODRE!
Temos inteligências as mais variadas entre os EPA’s em conjunto com o movimento sindical para levarmos o nosso levante à sociedade!
Sob hipótese alguma deveremos PARAR com a LUTA de TRANSFORMAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA.
Teremos A NOSSA REESTRUTURAÇÃO. Teremos os SUBSÍDIOS DE NÍVEL SUPERIOR. Entretanto, isso não pode, nem deve calar a nossa voz. Não precisamos de “cala boca”.
temos que ter a consciência sempre presente que o nosso levante é para transformar o que precisa ser transformado e isso passa inarredavelmente pela luta contra o INQUÉRITO POLICIAL, por uma carreira com inicio, meio e fim, pela luta contra o crime em conjunto com o ministério público e fundamentalmente pela mudança geral desse modelo de formação dos policiais a partir dos currículos atávicos das academias de polícia.
*EPA - Escrivães, Papiloscopistas e Agentes da Polícia Federal.
Sobre o autor: Sérgio Pinheiro é Agente Especial de Polícia Federal.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Nota fiscal terá que discriminar impostos pagos
Foi a partir da mobilização social de abaixo-assinado que reuniu 1,5 milhão de pessoas, em 2007, que a ideia de discriminar na nota fiscal quanto do valor pago por produto ou serviço é tributo tornou-se realidade. Após espera de cinco anos – a proposta foi levada ao Senado e prontamente aprovada, mas ficou adormecida na Câmara – no dia 13 de novembro os deputados decidiram acatá-la e, ontem, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou a lei 12.741/2012. A determinação, comum em países europeus, nos Estados Unidos e, inclusive, na vizinha Argentina, entrará em vigor em seis meses, ou seja, em junho.
A lei faz jus ao parágrafo 5º do artigo 150 da Constituição de 1988, que determina que o consumidor seja informado dos impostos pagos. “É um marco da transparência tributária”, diz o coordenador de estudos do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), Gilberto Luiz do Amaral. “É importante para saber o quanto se paga por produto e serviço e quanto é tributo e, principalmente, para conscientizar as pessoas mais humildes de que são contribuintes.”
Na avaliação do economista chefe da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo, a medida vai tirar a impressão de que as empresas são as vilãs dos preços altos, sempre cobrando muito mais caro do que no Exterior. “Além disso, o contribuinte vai saber se o que o Estado provê em serviços públicos é bom ou ruim pelo que se paga em tributos.”
Em junho, o cidadão que for ao supermercado, por exemplo, e pedir o cupom fiscal, poderá perceber que, pelo pacote de cinco quilos de arroz, dos R$ 10 pagos, 15,34%, ou R$ 1,53, serão impostos. Pela garrafa de dois litros de refrigerante, quase a metade, 43,91%, é imposto. Portanto, de R$ 3, R$ 1,31 é tributo.
A lei determina que na nota apareça a totalidade de tributos. Porém, os impostos considerados no cálculo serão: ICMS (que embora já tenha desde 1960 seu percentual discriminado na nota, nunca foi feito cálculo do valor), ISS, IPI, PIS/Cofins, IOF e Cide. O presidente do Sescon-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo), José Maria Chapina Alcazar, ressalta que ficaram de fora dois tributos, o Imposto de Renda, que incide sobre o faturamento e a CSLL, sobre o lucro. “O governo não os incluiu porque existe muita dificuldade para efetuar o cálculo, o que mostra a complexidade do sistema. Porém, foram incluídos 90% dos impostos.”
Segundo Alcazar, o governo deverá regulamentar a lei e defini-la em 90 dias. “Espera-se que as empresas tenham algum benefício em troca de especificar os gastos com os impostos”, diz. Solimeo avisa que as associações de classe vão se mobilizar para auxiliar as companhias de seu setor. Para ele, as empresas já possuem tantas obrigações com o Fisco que o custo com a discriminação no cupom fiscal será mínimo.
Amaral revela que o IBPT e a ACSP estão trabalhando para disponibilizar cálculos em um site, que deve ir ao ar em fevereiro. “Quem não tiver sistema eletrônico de emissão de nota poderá consultar no site o produto que comercializa e o imposto incidente. A lei prevê que ele exponha, em painéis, os valores dos tributos.” A fiscalização dos estabelecimentos ficará a cargo dos procons.
Informações: Do Diário do Grande ABC // Soraia Abreu Pedrozo
A lei faz jus ao parágrafo 5º do artigo 150 da Constituição de 1988, que determina que o consumidor seja informado dos impostos pagos. “É um marco da transparência tributária”, diz o coordenador de estudos do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), Gilberto Luiz do Amaral. “É importante para saber o quanto se paga por produto e serviço e quanto é tributo e, principalmente, para conscientizar as pessoas mais humildes de que são contribuintes.”
Na avaliação do economista chefe da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo, a medida vai tirar a impressão de que as empresas são as vilãs dos preços altos, sempre cobrando muito mais caro do que no Exterior. “Além disso, o contribuinte vai saber se o que o Estado provê em serviços públicos é bom ou ruim pelo que se paga em tributos.”
Em junho, o cidadão que for ao supermercado, por exemplo, e pedir o cupom fiscal, poderá perceber que, pelo pacote de cinco quilos de arroz, dos R$ 10 pagos, 15,34%, ou R$ 1,53, serão impostos. Pela garrafa de dois litros de refrigerante, quase a metade, 43,91%, é imposto. Portanto, de R$ 3, R$ 1,31 é tributo.
A lei determina que na nota apareça a totalidade de tributos. Porém, os impostos considerados no cálculo serão: ICMS (que embora já tenha desde 1960 seu percentual discriminado na nota, nunca foi feito cálculo do valor), ISS, IPI, PIS/Cofins, IOF e Cide. O presidente do Sescon-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Estado de São Paulo), José Maria Chapina Alcazar, ressalta que ficaram de fora dois tributos, o Imposto de Renda, que incide sobre o faturamento e a CSLL, sobre o lucro. “O governo não os incluiu porque existe muita dificuldade para efetuar o cálculo, o que mostra a complexidade do sistema. Porém, foram incluídos 90% dos impostos.”
Segundo Alcazar, o governo deverá regulamentar a lei e defini-la em 90 dias. “Espera-se que as empresas tenham algum benefício em troca de especificar os gastos com os impostos”, diz. Solimeo avisa que as associações de classe vão se mobilizar para auxiliar as companhias de seu setor. Para ele, as empresas já possuem tantas obrigações com o Fisco que o custo com a discriminação no cupom fiscal será mínimo.
Amaral revela que o IBPT e a ACSP estão trabalhando para disponibilizar cálculos em um site, que deve ir ao ar em fevereiro. “Quem não tiver sistema eletrônico de emissão de nota poderá consultar no site o produto que comercializa e o imposto incidente. A lei prevê que ele exponha, em painéis, os valores dos tributos.” A fiscalização dos estabelecimentos ficará a cargo dos procons.
Informações: Do Diário do Grande ABC // Soraia Abreu Pedrozo
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Agentes da PF pedem o fim do inquérito policial
Elefante Branco
Policiais federais pediram na manhã deste domingo (9), na capital federal, mudanças nos processos de investigações criminais e o fim do inquérito policial. Para simbolizar a reivindicação, eles usaram um balão inflável no formato de um elefante branco, de quase 3 metros de altura, onde está escrita a expressão “inquérito policial”.
“No mundo todo, somos o único país que trata a questão criminal com esse instrumento. Será que somos os únicos certos ou será que estamos ultrapassados? Isso tem que acabar. Polícia tem que investigar, relatar e passar os fatos para o Ministério Público. Polícia não tem que julgar”, defendeu o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sinpol/DF), Jonas Leal.
Durante todo o dia, um grupo de agentes ficará em frente à Torre de TV, uma das principais atrações turísticas da cidade, para iniciar a campanha na capital federal. Nos próximos dias, os moradores de Brasília poderão se deparar com o balão, que será instalado em diferentes locais da cidade. O elefante branco já passou pelas capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Agentes federais relataram que o inquérito tem sido usado em ações corruptas. Segundo eles, o processo facilita o objetivo de pessoas que têm interesse em retardar o julgamento de crimes ou ainda esconder as investigações. “As consequências do inquérito são sempre a impunidade e corrupção”, disse Leal.
O presidente do Sinpol/DF acrescenta que o procedimento representa pouca qualidade na apuração dos fatos. Ele lembra que, durante o inquérito, não existe direito de defesa das partes acusadas. “É só inquisitório, só pergunta. O acusado só pode apresentar a defesa quando chega à Justiça”, disse o policial, destacando que, até o caso chegar aos tribunais, o acusado pode ficar preso por dias sem que exista comprovação de seu envolvimento no crime.
“Não seria mais prático fazer o relatório e entregar para o Ministério Público que avalia e manda para o Judiciário? Teria mais celeridade. Nos estados Unidos, as coisas chegam a ser julgadas no mesmo dia. Aqui, você chega às delegacias e tem pilhas de inquéritos acumuladas ao longo de meses”, criticou Leal.
Fonte: Agência Brasil
"ELEFANTE BRANCO é uma expressão idiomática para uma posse valiosa da qual seu proprietário não pode se livrar e cujo custo (em especial o de manutenção) é desproporcional à sua utilidade ou valor. O termo é utilizado na política para se referir a obras públicas sem utilidade."
Policiais federais pediram na manhã deste domingo (9), na capital federal, mudanças nos processos de investigações criminais e o fim do inquérito policial. Para simbolizar a reivindicação, eles usaram um balão inflável no formato de um elefante branco, de quase 3 metros de altura, onde está escrita a expressão “inquérito policial”.
“No mundo todo, somos o único país que trata a questão criminal com esse instrumento. Será que somos os únicos certos ou será que estamos ultrapassados? Isso tem que acabar. Polícia tem que investigar, relatar e passar os fatos para o Ministério Público. Polícia não tem que julgar”, defendeu o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sinpol/DF), Jonas Leal.
Durante todo o dia, um grupo de agentes ficará em frente à Torre de TV, uma das principais atrações turísticas da cidade, para iniciar a campanha na capital federal. Nos próximos dias, os moradores de Brasília poderão se deparar com o balão, que será instalado em diferentes locais da cidade. O elefante branco já passou pelas capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Agentes federais relataram que o inquérito tem sido usado em ações corruptas. Segundo eles, o processo facilita o objetivo de pessoas que têm interesse em retardar o julgamento de crimes ou ainda esconder as investigações. “As consequências do inquérito são sempre a impunidade e corrupção”, disse Leal.
O presidente do Sinpol/DF acrescenta que o procedimento representa pouca qualidade na apuração dos fatos. Ele lembra que, durante o inquérito, não existe direito de defesa das partes acusadas. “É só inquisitório, só pergunta. O acusado só pode apresentar a defesa quando chega à Justiça”, disse o policial, destacando que, até o caso chegar aos tribunais, o acusado pode ficar preso por dias sem que exista comprovação de seu envolvimento no crime.
“Não seria mais prático fazer o relatório e entregar para o Ministério Público que avalia e manda para o Judiciário? Teria mais celeridade. Nos estados Unidos, as coisas chegam a ser julgadas no mesmo dia. Aqui, você chega às delegacias e tem pilhas de inquéritos acumuladas ao longo de meses”, criticou Leal.
Fonte: Agência Brasil
TANTO FHC COMO LULA FIZERAM GESTOS POSITIVOS PARA A POLÍCIA FEDERAL
" Essa república dos delegados só vai acabar no dia em que um (a) presidente (a) assumir o cargo e não se deixar ser flagrado (a) em atos imorais ou ilegais"
"Tanto FHC quanto Lula fizeram gestos positivos para a PF, hoje reconhecidamente um quadro de excelência, agenda positiva do governo. Falta esse gesto do governo Dilma que, no início, não foi muito positivo. Houve demora na nomeação de dirigentes e forte contenção de despesas, corte de diárias. E quando isso ocorre as operações praticamente param, argumenta o delegado Cláudio Tusco, diretor de Comunicação da entidade.”
Li essa noticia no jornal O Estado de São Paulo do dia 05 de dezembro e fiquei lembrando e posso asseverar que já vi esse ato antes.
Na matéria chancelada pela ADPF - Associação dos Delegados da Polícia Federal, os delegados cobram sem temor algum e descaradamente um gesto positivo por parte da presidenta Dilma, lembrando a presidenta que Lula e FHC fizeram esses “gestos positivos” exigidos agora.
Todo Brasil sabe que os delegados da PF investigaram e posteriormente invadiram o escritório da Presidência da República no estado de São Paulo, vasculharam armários, mesas e apreenderam sacolas de documentos variados e também prenderam algumas pessoas ligadas ao ex-presidente Lula e que estavam ali à disposição da presidente Dilma.
Li também na matéria chancelada pela associação dos delegados que: “tanto FHC quanto Lula fizeram gestos positivos para a Polícia Federal”, foi impossível não se lembrar da atuação da PF comandada pelos delegados na época do FHC e LULA.
Fernando Henrique Cardozo, com ajuda de José Serra, criou dentro da PF uma confraria de delegados que era chamada pelos agentes da PF de “Comando Tucano”, esse comando era formado por delegados desavergonhadamente simpatizantes do PSDB, teve até um delegado diretor geral da PF na época, pasmem, FILIADO AO PSDB, com ficha assinada e carteirinha.
Não sei se alguém cometeu o crime de prevaricação, mas o que sei é que a PF atucanada não agiu com o devido rigor quando foram ventilados centenas de escândalos no governo do FHC, sendo os mais famosos:
A acusação de “compra” dos votos para a reeleição de FHC e o tsunami de acusações de fraudes nas privatizações que hoje são chamadas de PRIVATARIA TUCANA e que já inspiraram vários livros.
Poderia ficar aqui escrevendo sobre outras dezenas de “apurações” da PF que não geraram pena e nem desconforto para ninguém, tais como a apuração “rigorosa” da fraude conhecida como contas CC5 (golpe de bilhões), fraude no Banco do Brasil, caso SiVAM, a farra do PROER, grampos telefônicos variados, corrupção no DNER, caso Marka/FonteCindam, desvios na SUDENE, Caso FUNDEF, Caso PREVI/DANTAS e muito etc.
Deixei para citar por último o caso do grampo telefônico que flagrou um assessor especial da presidência da república de FHC.
A pretexto de investigar “trafico de drogas”, delegados da PF solicitaram na justiça o monitoramento telefônico de um tal de Júlio Cesar, só que esqueceram de dizer ao juiz que esse personagem era assessor do presidente FHC e na teia das escuta “legais”, o presidente da república acabou grampeado.
FHC soube que tinha caído nos grampos da PF pela imprensa, que publicou de “fonte não revelada”, que muitas outras conversas haviam sido gravadas entre ele e seu assessor pessoal. A notícia dava conta, que entre outras coisas gravadas, tinham aparecido conversas pessoais versando sobre um filho fora do casamento e outras conversas pessoais até de alcovas.
O governo tucano ficou às cegas e sem controle algum sobre os delegados da PF que insinuavam ter tudo de todos, fitas com gravações telefônicas começaram a aparecer misteriosamente debaixo de viadutos em Brasília, a confusão era geral, vazavam sem querer querendo, que existiam dezenas de fitas gravadas comprometendo FHC e muita gente do governo. O governo federal ficava assim, emparedado.
Isso durou algum tempo e quando FHC descobriu que não havia fita nenhuma, demitiu todos os delegados da cúpula da PF, mas antes que isso acontecesse foi OBRIGADO a exagerar publica e administrativamente nos GESTOS POSITIVOS para com os delegados da polícia federal.
Com a eleição entre o tucano Serra e o petista Lula o Comando Tucano dos delegados da PF tratou de bolar um plano que pudesse usar a instituição Policial Federal para dar uma ajudinha ao candidato tucano, o que fizeram?
Estava aberta e atuante no Congresso Nacional a CPI do NARCOTRÁFICO, nela atuava como membro de investigação um delegado da PF altamente atucanado, de direita e que morria de medo do Lula na presidência, parecia a Regina Duarte.
Esse delegado havia colhido o depoimento de um tucano do ABC que dizia saber de “muitas coisas” sobre o governo FHC, o tal tucano estava magoado com o PSDB por motivos diversos. Falou um monte de coisas aleatoriamente sobre FHC e alguns de seus ministros, mas como ele era de São Bernardo do Campo no ABC paulista e se mostrava um tanto mitômano, o delegado resolveu perguntar incisivamente sobre “falcatruas” que ele pudesse saber sobre Luis Inácio Lula da Silva, que também era do ABC.
Regido pelo delegado atucanado, o tal “denunciante importante” passou a jogar lama no Lula, na Dona Marisa, nos amigos do Lula e em vários políticos do PT, tudo coisa de ouvir falar, como por exemplo: um apartamento em Paris que dona Marisa teria recebido de presente de um dono de empreiteira.
Claro que o delegado atucanado, experiente e que já havia trabalhado até no exterior, percebeu que se tratava de um caso típico de mitomania, mas isso não quis dizer nada. Ele produziu um documento oficial em papel timbrado da CPI do NARCOTRÁFICO e pediu oficialmente para outros delegados atucanados de SP, da delegacia de inteligência e crime organizado, que investigassem URGENTE e DETALHADAMENTE o que o “denunciante “ havia dito na CPI.
As acusações sem pé nem cabeça, feitas por um desconhecido qualquer, ganhava contornos de oficialidade com o timbre de ALTAMENTE SIGILOSO e URGENTE. Um dossiê com o depoimento prestado para a CPI DO NARCOTRÁFICO DO CONGRESSO NACIONA avolumado com recordes de jornais velhos, fotos variadas, relatórios internos com carimbos suntuosos e outros depoimentos ,foi finalmente transformado em uma importante operação da PF (delegados) contra a “ORCRIM” - Organização Criminosa de Luis Inácio Lula da Silva, isso às vésperas das eleições presidenciais de 2002.
Agentes da Polícia Federal que sabiam dessa manobra dos delegados atucanados, não se conformaram e procuraram a Federação Nacional dos Policiais Federais - FENAPEF e denunciaram o esquema montado. Imediatamente dirigentes da FENAPEF procuraram saber da veracidade de tudo que havia “contra” o Lula e com poucos dias descobriram que eram tudo mentiras e calúnias as ditas “acusações” da CPI. Contrariada com a atitude tucana e perversa dos delegados da PF, a FENAPEF denunciou para os dirigentes do PT a trama política armada com a finalidade de influenciar nas eleições presidenciais, já que uma revista semanal já estava com a matéria “bomba” escrita que seria divulgada uma semana antes do pleito eleitoral.
Lula, Márcio Thomaz Bastos, José Dirceu e Luis Greenhalgh protestaram junto ao ministro da justiça da época Miguel Reali Jr, que não concordou com a ação praticada pela PF tucana dos delegados e determinou que fossem tornadas sem efeito imediatamente as provas mentirosas contra Lula. Não mandou apurar nada contra os conspiradores, mas agiu contra as mentiras.
Os delegados atucanados ficaram apavorados. O golpe preparado por eles contra Lula havia naufragado e eles sabiam que se Lula fosse eleito eles estariam lascados. Nos dias que faltavam para as eleições eles tentaram outras ações contra Lula, usando descaradamente o aparato policial federal, mas não adiantou em nada. Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente do Brasil.
Lula eleito, disse textualmente: “Quando tomar posse vou acabar com essa REPÚBLICA PARALELA DOS DELEGADOS DA PF”, e mandou o seu chefe de campanha, José Dirceu de Oliveira e Silva estudar a viabilidade de se nomear legalmente o presidente da FENAPEF ,Francisco Carlos Garisto para o cargo de Diretor Geral da PF , já que ele não era delegado, mas sim Agente Especial da PF.
O estudo jurídico foi feito e como Garisto era formado em direito e já que tinha tempo para se aposentar, ele faria isso e assumiria o comando da PF como advogado e não mais como policial, apesar de que a legislação federal não proíbe a nomeação de membros de qualquer formação profissional para o cargo de diretor da PF.
Garisto ficaria incumbido de realizar as modificações nas atribuições da polícia federal para deixá-la com o FBI americano e livre desses grupos tucanos que havia se instalado na instituição. Lula exigia que a PF fosse uma polícia de Estado e não de governo.
Lula tomou posse e Garisto não foi nomeado para o cargo de diretor geral.
Os delegados atucanados se mobilizaram e foram procurar o ex-senador Romeu Tuma, este que era desafeto de Garisto, por ter sido praticamente arrancado do cargo de diretor da PF através de mobilizações nacionais sindicais contra a sua postura política no órgão, logo viu que Garisto no comando da PF seria um grande perigo para ele de várias formas.
O ex-senador Romeu Tuma procurou o ministro da justiça indicado (não havia tomado posse ainda), Márcio Thomaz Bastos e ofereceu para ele o apoio no senado para o PT desde que fosse nomeado para o cargo de Diretor Geral da PF o delegado aposentado Paulo Lacerda, que era seu assessor no senado há nove anos.
Mesmo Garisto sendo amigo de Thomaz Bastos e este conhecê-lo como pessoa e profissionalmente como policial federal, resolveu nomear Paulo Lacerda. Assim Thomaz Bastos se livrou da ira e revolta dos delegados atucanados, agradou Romeu Tuma e colheu o apoio de um senador para a base parlamentar do novo governo Lula.
Romeu Tuma saiu do PFL e foi para o PTB influenciando a ida de todo o partido para a base aliada, inclusive a ida do presidente Roberto Jefferson que seria no futuro o pivô do Caso Mensalão.
Lula, José Dirceu e outros que já haviam falado sobre a nomeação na PF, limaram politicamente Garisto sem qualquer pudor ou arrependimento.
No início do governo Lula os delegados atucanados ainda estavam apavorados pelo que haviam feito com o agora presidente, mas esse temor logo seria transformado em alegria total.
Um funcionário dos Correios foi flagrado por uma câmera encomendada por uma pessoa altamente tucana de Goiânia. Nela o tal funcionário aparecia pagando propina para um assessor do ministro José Dirceu da Casa Civil chamado Valdomiro Diniz. Este foi o primeiro grande escândalo do governo Lula.
Imediata e incrivelmente os delegados atucanados foram indicados para quase todos os cargos importantes da PF e essas nomeações contavam com a assinatura do MJ, Márcio Thomaz Bastos e do próprio presidente Lula, a FENAPEF não entendeu a traição, mas a alegria, a arrogância e a certeza da impunidade voltavam para a mente de alguns delegados atucanados.
Na esteira do flagrante de corrupção em cima do assessor da Casa Civil da presidência da República vieram outros escândalos que acabaram fazendo dezenas de petistas históricos abandonarem o partido.
Claro que depois desse escândalo do Caso Waldomiro, que aos poucos foi levando tudo e todos ao famigerado Caso do MENSALÃO, isso obrigou o presidente LULA a fazer quase que diariamente GESTOS POSITIVOS PARA A PF (delegados), tudo que estava sendo investigado dependia de uma assinatura de um delegado da PF.
Todas as vezes em que o governo federal cria a consciência política e administrativa de que a Polícia Federal precisa mudar totalmente a estrutura da carreira policial, mudando as atribuições dos delegados e inserindo aos agentes, escrivães e papiloscopistas (EPAs) cargos de comando no sentido de transformar a Polícia Federal brasileira em algo parecido com o FBI americano e as melhores polícias do mundo, onde não existe o cargo ultrapassado de delegado de polícia, se o governante de plantão não tiver uma vida social ou profissional ilibada poderá estar em maus lençóis e acabar emparedado.
O ministro gaúcho Tarso Genro quando assumiu o ministério da justiça prometeu publicamente em um Congresso da FENAPEF em Fortaleza-Ceará, que faria e aprovaria a Lei Orgânica da Polícia Federal, de qualquer maneira, contra tudo e todos que não quisessem a modernidade da PF nos moldes do FBI, onde agentes, escrivães e papiloscopistas, formados nas mais variadas cátedras acadêmicas, também podem assumir as chefias existentes no órgão, inclusive a direção geral do órgão. Disse ainda que só iria nomear os cargos baseado unicamente na MERITOCRACIA.
Tarso Genro acabou tendo que aceitar o assédio dos delegados da PF e não cumpriu nenhuma das suas promessas iniciais. Nem fez a lei orgânica e nem nomeou baseado na meritocracia. Mais um ministro da justiça. Tarso Genro esperneou, gritou, mas deixou a PF pior do que encontrou.
No último dia dezenove de novembro aconteceu um encontro da FENAPEF com o ministro da justiça, José Eduardo Cardozo, na pauta única o assunto era a REESTRUTURAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL, estava presente o atual diretor geral da PF, delegado Leandro Daiello. Os dois falaram que não tem mais jeito de comandar a PF do jeito que está a cizânia quase mortal entre delegados e escrivães, papiloscopistas e agentes da polícia federal.
O ministro deu até o dia trinta de novembro para que a FENAPEF e a associação dos delegados enviassem as propostas de Reestruturação da PF e ele, como ministro da justiça do Brasil iria decidir o que é melhor para a nação, para o povo, para a PF e para os servidores em geral.
Disse que não iria se preocupar em agradar essa ou aquela função. Somente essa observação do MJ deixou os delegados altamente preocupados, já que não querem modernidade e eficiência, só estão preocupados com eles mesmos.
Depois de uma semana, claro que por coincidência, acontece em São Paulo a Operação Porto Seguro, onde buscas no escritório paulista da Presidência da República foram efetuadas e vários assessores foram presos, sendo o alvo principal a assessora Rosemary que foi assessora de Lula r mais de 15 anos e hoje é assessora da presidente Dilma, por indicação de Lula. Rosemary e mais algumas pessoas foram flagradas em conversas telefônicas legais e nelas revelam os passos e a corrupção de uma verdadeira organização criminosa .
Até ai, só devemos aplaudir a ação da PF que acabou com uma ORCRIM instalada dentro do escritório de São Paulo da PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, isso não é pouca coisa e logo apareceram as perguntas:> O ministro da justiça sabia ou não sabia? Outra matéria mostrou que Dilma procurou o MJ para saber detalhes da operação da PF no seu escritório em SP. Ministros e políticos do PT e da base aliada davam entrevistas defendendo o Lula e a Dilma antes mesmo de saberem o que existia de errado, todos estavam atônitos com a ação da PF, mas ninguém teve a coragem de dizer que a operação era errada ou certa.
Tudo ia muito bem, até que apareceu a manchete:
“DELEGADO DA PF diz que tem 122 fitas com diálogos entre Lula e Rosemary”.
Com essa manchete o tsunami de indagações começou: O que existe nessas gravações? Elas comprometem o Lula de que forma? As fitas só tem o Lula ou tem a Dilma também, já que Rosemary atualmente não era mais assessora de Lula , mas sim da Dilma? Vai ter CPI da Rosemary? Tem na fita aquela história dos dois bilhões de reais para uma obra portuária com interesses do famigerado senador Gilberto Miranda?
Enfim a história de fitas fantasmas se repetia no Brasil.
Existem ou não existem fitas que possam incriminar Lula, Dilma ou outros membros do PT e da base aliada ao governo?
Em audiência pública o delegado Troncon, superintendente da PF em SP, responsável pela Operação Porto Seguro, delegado Daiello, diretor da PF e o ministro da justiça, José Eduardo Cardozo gritaram à exaustão que não existem fitas, mas quem acredita?
Coincidência ou não, depois de uma semana nos deparamos com essa matéria do jornal O Estado de São Paulo, onde o delegado Cláudio Tusco, porta voz da associação dos delegados EXIGE UM GESTO POSITIVO PARA A PF por parte da presidenta Dilma. Tusco cobrou ainda a presidenta por ter demorado muito na nomeação dos delegados chefes, reclamou diretamente da contenção de despesas e cortes das diárias, colocando a culpa na presidenta pela paralisação quase total das operações da PF (parece que só algumas). Isso é uma ousadia perante a maior mandatária da nação ou é um ato de quem sabe o que está falando e porque está falando?
O delegado Tusco só esqueceu-se de dizer para a presidenta Dilma e para o mundo, já que o fez através da imprensa, que a diminuição das operações da PF não se deu por falta de verbas ou diárias, mas sim pela guerra fratricida existente hoje dentro do órgão entre os delegados e os demais cargos.
O comunicador Tusco se esqueceu de dizer também que os delegados praticamente perderam o comando da PF, já que estão apelando para processos disciplinares para fazerem valer as suas vontades equivocadas e as vezes até ilegais.Isso vai ocorrer em breve em todo o Brasil, uma vez que a revolta interna está pendurada em um fio de água.
Qual o propósito dessa matéria dos delegados de polícia publicada no estadão?
Um dos repórteres é o Fausto Macedo que conheço tem 28 anos, que cobre diariamente a ADPF na esperança sagaz de haver algum vazamento seletivo de fatos importantes. Estaria o repórter fazendo papel de correio para angariar a simpatia dos delegados? Como saber?
O que fica muito claro, até pela história recente do nosso país é que as histórias acabam se repetindo, não todas, mas algumas quase sempre.
Essa república dos delegados só vai acabar no dia em que um (a) presidente (a) assumir o cargo e não se deixar ser flagrado (a) em atos imorais ou ilegais. Só dessa maneira o governante maior do país poderá fazer a tão sonhada transformação da Polícia Federal brasileira em um autêntico FBI de estado e não de governantes ou de interesses corporativos.
Presidenta Dilma, o maior GESTO POSITIVO que Vossa Excelência poderia demonstrar para a nação brasileira sem medo de ser feliz e pró ativa, seria acabar com as causas que transformaram a Polícia Federal do Brasil em uma Torre de Babel Explosiva, por incompetência exclusiva dos delegados de polícia federal.
Acredito que a presidenta Dilma não irá se curvar diante de qualquer tipo de emparedamento, pressões ou insinuações, a não ser que tenha fitas fantasmas com diálogos secretos dela também, mas isso quem sabe?
SOBRE O AUTOR
Francisco Carlos Garisto (@FCGaristo) é advogado, jornalista, policial federal e consultor em Segurança Pública. Foi presidente da Fenapef
8 DE DEZEMBRO DE 2012 ÀS 07:42
domingo, 9 de dezembro de 2012
A moral de velhas prostitutas, Por Leandro Fortes.
Jornalista, professor e escritor, autor dos livros 'Jornalismo Investigativo', 'Cayman: o dossiê do medo' e 'Fragmentos da Grande Guerra', entre outros. Sua mais recente obra é 'Os segredos das redações'. É criador do curso de jornalismo on line do Senac-DF e professor da Escola Livre de Jornalismo.
Aos poucos, sem nenhum respeito ou rigor jornalístico, boa parte da mídia passou a tratar Rosemary Noronha como amante do ex-presidente Lula. A “namorada” de Lula, a acompanhante de suas viagens internacionais, a versão tupiniquim de Ana Bolena, quiçá a reencarnação de Giselle, a espiã nua que abalou Paris.
Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
Como a versão das conversas grampeadas entre ela e Lula foi desmentida pelo Ministério Público Federal, e é pouco provável que o submundo midiático volte a apelar para grampos sem áudio, restou essa nova sanha: acabar com o casamento de Lula e Marisa.
Já que a torcida pelo câncer não vingou e a tentativa de incluí-lo no processo do “mensalão” está, por ora, restrita a umas poucas colunas diárias do golpismo nacional, o jeito foi apelar para a vida privada.
Lula pode continuar sendo popular, pode continuar como referência internacional de grande estadista que foi, pode até eleger o prefeito de São Paulo e se anunciar possível candidato ao governo paulista, para desespero das senhoras de Santana. Mas não pode ser feliz. Como não é possível vencê-lo nas urnas, urge, ao menos, atingi-lo na vida pessoal.
Isso vem da mesma mídia que, por oito anos, escondeu uma notícia, essa sim, relevante, sobre uma amante de um presidente da República.
Por dois mandatos, Fernando Henrique Cardoso foi refém da Rede Globo, uma empresa beneficiária de uma concessão pública que exilou uma repórter, Míriam Dutra, alegadamente grávida do presidente. Miriam foi ter o filho na Europa e, enquanto FHC foi presidente, virou uma espécie de prisioneira da torre do castelo, a maior parte do tempo na Espanha.
Não há um único tucano que não saiba a dimensão da dor que essa velhacaria causou no coração de Ruth Cardoso, a discreta e brilhante primeira-dama que o Brasil aprendeu desde muito cedo a admirar e respeitar. Dona Ruth morreu com essa mágoa, antes de saber que o incauto marido, além de tudo, havia sido vítima do famoso “golpe da barriga”. O filho, a quem ele reconheceu quando o garoto fez 18 anos, não é dele, segundo exame de DNA exigido pelos filhos de Ruth Cardoso. Uma tragicomédia varrida para debaixo do tapete, portanto.
O assunto, salvo uma reportagem da revista Caros Amigos, jamais foi sequer aventado por essa mesma mídia que, agora, destila fel sobre a “namorada” de Lula. Assim, sem nenhum respeito ao constrangimento que isso deve estar causando ao ex-presidente, a Dona Marisa e aos filhos do casal. Liberados pela falta de caráter, bom senso e humanidade, a baixa assessoria de tucanos, entre os quais alguns jornalistas, tem usado as redes sociais para fazer piadas sobre o tema, palhaços da tristeza absorvidos pela vilania de quem lhes confere o soldo.
Esse tipo de abordagem, hipócrita sob qualquer prisma, era o fruto que faltava ser parido desse ventre recheado de ódio e ressentimento transformado em doutrina pela fracassada oposição política e por jornalistas que, sob a justificativa da sobrevivência e do emprego, se prestam ao emporcalhamento do jornalismo.
Aos poucos, sem nenhum respeito ou rigor jornalístico, boa parte da mídia passou a tratar Rosemary Noronha como amante do ex-presidente Lula. A “namorada” de Lula, a acompanhante de suas viagens internacionais, a versão tupiniquim de Ana Bolena, quiçá a reencarnação de Giselle, a espiã nua que abalou Paris.
Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
Como a versão das conversas grampeadas entre ela e Lula foi desmentida pelo Ministério Público Federal, e é pouco provável que o submundo midiático volte a apelar para grampos sem áudio, restou essa nova sanha: acabar com o casamento de Lula e Marisa.
Já que a torcida pelo câncer não vingou e a tentativa de incluí-lo no processo do “mensalão” está, por ora, restrita a umas poucas colunas diárias do golpismo nacional, o jeito foi apelar para a vida privada.
Lula pode continuar sendo popular, pode continuar como referência internacional de grande estadista que foi, pode até eleger o prefeito de São Paulo e se anunciar possível candidato ao governo paulista, para desespero das senhoras de Santana. Mas não pode ser feliz. Como não é possível vencê-lo nas urnas, urge, ao menos, atingi-lo na vida pessoal.
Isso vem da mesma mídia que, por oito anos, escondeu uma notícia, essa sim, relevante, sobre uma amante de um presidente da República.
Por dois mandatos, Fernando Henrique Cardoso foi refém da Rede Globo, uma empresa beneficiária de uma concessão pública que exilou uma repórter, Míriam Dutra, alegadamente grávida do presidente. Miriam foi ter o filho na Europa e, enquanto FHC foi presidente, virou uma espécie de prisioneira da torre do castelo, a maior parte do tempo na Espanha.
Não há um único tucano que não saiba a dimensão da dor que essa velhacaria causou no coração de Ruth Cardoso, a discreta e brilhante primeira-dama que o Brasil aprendeu desde muito cedo a admirar e respeitar. Dona Ruth morreu com essa mágoa, antes de saber que o incauto marido, além de tudo, havia sido vítima do famoso “golpe da barriga”. O filho, a quem ele reconheceu quando o garoto fez 18 anos, não é dele, segundo exame de DNA exigido pelos filhos de Ruth Cardoso. Uma tragicomédia varrida para debaixo do tapete, portanto.
O assunto, salvo uma reportagem da revista Caros Amigos, jamais foi sequer aventado por essa mesma mídia que, agora, destila fel sobre a “namorada” de Lula. Assim, sem nenhum respeito ao constrangimento que isso deve estar causando ao ex-presidente, a Dona Marisa e aos filhos do casal. Liberados pela falta de caráter, bom senso e humanidade, a baixa assessoria de tucanos, entre os quais alguns jornalistas, tem usado as redes sociais para fazer piadas sobre o tema, palhaços da tristeza absorvidos pela vilania de quem lhes confere o soldo.
Esse tipo de abordagem, hipócrita sob qualquer prisma, era o fruto que faltava ser parido desse ventre recheado de ódio e ressentimento transformado em doutrina pela fracassada oposição política e por jornalistas que, sob a justificativa da sobrevivência e do emprego, se prestam ao emporcalhamento do jornalismo.
domingo, 2 de dezembro de 2012
Manter viva a causa do PT: para além do “Mensalão”
por Leonardo Boff
Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco”.
Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “Mensalão”. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.
De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático. Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.
Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.
A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhepertence”. Ora, o PT e Lula vem desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula Presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos sepropõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.
A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.
Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo do PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não sedeixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada.
Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência. Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e doutor honoris causa em política pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio.
por Leonardo Boff
Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco”.
Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “Mensalão”. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.
De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Muitos sentimo-nos decepcionados, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático. Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.
Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.
A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhepertence”. Ora, o PT e Lula vem desta periferia. Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula Presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos sepropõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.
A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor do que eles para continuarem a ter vantagens.
Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo do PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não sedeixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada.
Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência. Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo, escritor e doutor honoris causa em política pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio.
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